REGINALDO BRIOSCHI E FAMÍLIA

REGINALDO BRIOSCHI E FAMÍLIA

Sítio Providência I - Providência, Venda Nova do Imigrante/ES

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O sol já vai saindo, de mansinho, e eu? Vou chegando à casa da família para um bate papo descontraído em um domingo à tarde. E após bater duas ou três palmas, já aparece Reginaldo, que me convida a entrar e, ali mesmo, nos fundos da casa, sentado no bancão de madeira, começamos nossa conversa pra lá de descontraída. Reginaldo Brioschi tem 43 anos e sempre trabalhou com agricultura. Casado com Gilcelene Faé Brioschi a 12 anos e pai do Lucas, de 10 anos. Juntos, o casal toma conta do sítio, revezando entre as diferentes atividades da propriedade e também participando das atividades da Comunidade.

Na propriedade de 3 hectares o que se destaca é realmente o plantio do café. Fazem parte da unidade produtiva aproximadamente 9000 pés de café arábica entre as variedades Catucaí 785/15 Vermelho, Catuaí Amarelo e o Catuaí 44 Vermelho, sendo a última, a variedade dessa edição do Café Compartilhado. O sítio, denominado Providência I, está a 750 metros de altitude, localizado na Comunidade de Providência, Município de Venda Nova do Imigrante/ES. A colheita é realizada de forma manual e a produção passa pelo processo de despolpamento e secagem em terreiros de cimento e suspenso cobertos.

Enquanto a prosa avançava, aproveitamos também para tomar café, um delicioso café com biscoitos. Reginaldo iniciou sua história na agricultura seguindo a tradição familiar, já que seu pai e avô já conduziam a lavoura, também com predominância da cafeicultura. E, naquela época, eles puxavam o café da lavoura até a casa velha, da Vovó Pierina e Vovô Angelo, para o despolpamento em maquinário manual, reduzindo assim o espaço de terreiro. O transporte era em carrinho de “roda de pau” puxado à mão e, interrompe Reginaldo: “E de eixo seco, tá! Não tem rolamento não!”, fazendo referência à dificuldade que era antigamente.

Perguntei se, de lá pra cá, houve muitas mudanças no sistema produtivo. A resposta foi ligeira: “Sim! As coisas evoluíram. Motor elétrico, ferramenta boa e hoje a gente não arrasta mais carrinho sem rolamento”, brinca Reginaldo com um sorriso no rosto e sendo completado por Gilcelene: “Tudo com menos fadiga”. E continua ele: “A enxada quase enferruja no canto do paio, já que agora temos roçadeiras, ferramentas pra tudo, trator para facilitar e uma motinha para agilizar”. Reginaldo e Gilcelene tocam a lavoura e Lucas acompanha as atividades, desde quando ainda era um bebê. Na propriedade tem horta e criações. Também se planta milho, amendoim, bananas e frutas diversas, porém, é só “pro gasto”. Consumo da família.

Sempre que possível o casal participa de formações, cursos e seminários. Ele relata que atualmente participa como produtor voluntário em pesquisa do Instituto Federal do Espírito Santo - Ifes e Gilcelene fala do curso de incubação em cafeicultura de dois anos de duração que fizeram juntos, também pelo Instituto Federal. Pelo relato do casal, a qualificação é sempre muito importante e no sítio as técnicas de adubação, calagem, poda e pós colheita mudaram muito nos últimos anos e, com isso, é notório a evolução da qualidade do café produzido, chegando a mais de 85 pontos.

Resolvemos também, sair em caminhada pela propriedade, assim íamos conversando e vendo o sítio, muito bem cuidado por sinal. Lucas, que durante todo o tempo estava rodeando por perto, seguiu com a gente. E entre uma risada e outra, um caso e outro falamos muito de café e também catamos alguns amendoins. E assim, de pé no chão, subíamos lavoura a cima, enquanto conversávamos.

O casal relata que mesmo com tantas possibilidades de diversificação agrícola, continuarão com a cafeicultura. “É uma planta que dura muitos anos e gostamos de lidar com o café. Gostamos do pé de café e é uma planta que responde”, segundo Reginaldo. Por Gilcelene, até podem pensar em diversificar, mas seria “mais pra frente” e que não pensam em deixar a produção de café: “Na agricultura temos a liberdade da propriedade e isso ajuda na convivência do dia a dia, mesmo com tantas dificuldades e mão de obra familiar”.

Finalizando, Reginaldo espera que todos apreciem o café do sítio, produzido com muito carinho e dedicação e finaliza: “A agricultura sustentou e sustenta o Brasil. É da lavoura que sai o alimento que chega na casa de cada pessoa”. E assim vou saindo, muito feliz com a conversa, certo de que aqui se produz café de qualidade e alegre com o bocado de amendoim que ganhei de presente para comer em casa.

Por Tiago Altoé – Café Compartilhado

Seguem algumas fotos da propriedade e da safra 2021 (em andamento).

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SOBRE ESTE CAFÉ

Produtor: Reginaldo Brioschi

Variedade: Catuaí 44 Vermelho

Safra: 2020  /  Nota SCA: 85,5

Características sensoriais: Cacau, Baunilha, Bala de Coco. Macio, Aveludado e Delicado. Acidez remetendo a limão.

Localidade: Sítio Providência I, Comunidade de Providência, Venda Nova do Imigrante/ES – Brasil.

Altitude: 750 metros  /  Processamento: Cereja descascado

 

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